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quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Escrita Pelo Dedo de Deus | Thalles Roberto | Minhas Canções

LÍNGUA PORTUGUESA: RESULTADO OFICIAL DO ENEM 2011

LÍNGUA PORTUGUESA: RESULTADO OFICIAL DO ENEM 2011: Sábado, dia 22/10/2011 Domingo, dia 23/10/2011 ...

A epidemia da liberdade - Parte 1

Como um saudável vírus, protestos contra ditaduras espalham-se pelo mundo árabe, causando transformações em uma região marcada pela repressão, a pobreza e a brutalidade

Claudio Dantas Sequeira e Luiza Villaméa
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REVOLTA
Em Sanaa, a capital do Iêmen, populares protestam contra
o governo e exigem a saída do presidente Abdullah Saleh
 O coronel líbio Muamar Kadafi tornou-se o símbolo de uma geração de déspotas que, agarrados ao poder e alheios às necessidades de seus cidadãos, transformaram o Oriente Médio e o norte da África em uma das regiões mais autoritárias e desiguais do planeta. Em quatro décadas de reinado brutal, Kadafi, que se autoproclamou o “rei dos reis”, conseguiu reunir em torno de si todos os estereótipos de um ditador extravagante, sanguinário e opressor. Mais preocupados com as vastas reservas de petróleo e gás natural do país, ao longo das últimas décadas, os líderes ocidentais preferiam ver o ditador líbio apenas como uma espécie de déspota excêntrico. Suas enfermeiras ucranianas, suas roupas coloridas ou mesmo a insistente obsessão em montar tendas luxuosas onde quer que fosse serviram de combustível para conversas animadas no pragmático mundo da diplomacia internacional. Nos últimos anos, Kadafi chegou a estabelecer relações para lá de cordiais com primeiros-ministros ou presidentes defensores da democracia, como o britânico Tony Blair ou mesmo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Na última semana, no entanto, as imagens de corpos humanos destroçados por armas de grosso calibre, os relatos de ataques aéreos contra manifestantes desarmados e o desespero de milhares de estrangeiros em fugir do caos que tomou conta da Líbia fizeram o mundo recordar, sobressaltado, que Kadafi não passa de um ditador sanguinário, considerado um louco psicopata até mesmo por seus pares. Nesses últimos dias, ele não mediu esforços para tentar sobreviver à contaminação da onda libertária que vem tomando conta do norte da África e do Oriente Médio. Estima-se que até sexta-feira seus mercenários e soldados ainda leais ao seu comando tenham matado ao menos duas mil pessoas. Como um vírus que se espalha pelo ar, o desejo de melhor qualidade de vida, de libertar-se de regimes opressivos e cruéis e, pelo menos um pouco mais de democracia está transformando a região de forma absolutamente inédita. Depois da Tunísia e do Egito, restam poucas dúvidas de que a Líbia será o próximo país a sucumbir a essa saudável epidemia. A queda de Kadafi, o ditador mais longevo e cruel da região, será emblemática e reforçará ainda mais uma certeza que parece dominar o mundo árabe: a de que não há antídoto contra os desejos de um povo cansado da opressão e da pobreza.
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COVARDIA
A artilharia pesada deixa um rastro de destruição na Líbia,
onde militares desertores doaram seus uniformes para a população
As consequências dessa contaminação em massa são absolutamente imprevisíveis. Estados Unidos e Europa estão agora debruçados na análise das consequências geopolíticas e econômicas dessas revoltas no mundo árabe. Afinal, o fornecimento de petróleo e gás tem sido garantido ao longo dos anos por relações clientelistas que incentivaram a manutenção de ditaduras. Agora, ninguém sabe como serão as novas relações com o Ocidente, se a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) manterá sua formação e política de cartel ou mesmo se teocracias ao estilo iraniano vão ocupar o vácuo de poder criado com a queda dos ditadores. Na quinta-feira 24, os opositores de Kadafi, por exemplo, tomaram importantes terminais petrolíferos situados a leste da capital Trípoli e o governo anunciou a paralisação de parte da produção, o que levou o valor do barril a tocar a barreira dos US$ 120. Na sexta-feira 25 mais da metade da produção de petróleo e gás líbio já havia sido paralisada. “As primeiras consequências já podem ser sentidas. O preço da energia está subindo, o que terá impacto adicional nos custos de transportes e, consequentemente no preço das commodities”, disse à ISTOÉ o economista tunisiano Saïd Kechida. Outra preocupação é com o êxodo de migrantes desses países para a União Europeia. Estima-se em 500 mil o total de pessoas que poderiam bater à porta dos europeus, num momento em que a recessão e medidas antipopulares alimentam protestos como os vistos em Atenas há poucos dias.
A única certeza por enquanto é de que a Líbia não será o último país a ser contaminado de forma avassaladora por essa epidemia de liberdade. Argélia e Iêmen caminham para uma situação-limite como a vista no país de Kadafi. No Bahrein – onde a primeira corrida da temporada de Fórmula 1 já foi cancelada –, após a repressão violenta de protestos pacíficos, o rei Hamad bin Isa recuou e tenta negociar com a oposição, mas poucos acreditam que as pressões para sua queda irão arrefecer nos próximos dias. O vírus libertário já começa a mostrar seus primeiros sintomas também no Marrocos, na Mauritânia e acredita-se que ele possa tomar conta até mesmo do Irã. Na tentativa de se vacinar, o governo da Arábia Saudita anunciou um pacote de US$ 35 bilhões em investimentos sociais, liberação de financiamento para a compra da casa própria sem juros e aumento de 15% a todos os funcionários públicos. “Os árabes perceberam que podiam sair às ruas. A revolta da Tunísia mostrou que era possível derrubar o regime e o Egito confirmou essa tese. A queda de Kadafi é questão de dias e será emblemática para que outros sigam esse caminho”, diz à ISTOÉ o cientista político iraniano Meir Javedanfar.
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FORA
Revoltados com o ataque a civis,
líbios exigem a saída de Muamar Kadafi
 Mais do que a língua, a religião ou o fato de estarem flutuando sobre as maiores reservas de petróleo do mundo, o que vem unindo os povos árabes neste início de 2011 é a busca por melhores condições de vida. Democracia nunca foi um valor exatamente prezado nessa região do mundo e na história recente não há o mais remoto registro de governos pautados pela liberdade de expressão, seja ela de ordem pessoal, seja de ordem política. O catalisador das revoltas foi muito mais a dissonância entre uma situação econômica decadente e a ostentação exacerbada de pequenas elites políticas ligadas aos ditadores. Soma-se a isso a corrupção endêmica que assola esses países aliada a uma repressão feroz e descomensurada a qualquer tipo de oposição. Confrontados com a escassez de trabalho em seus próprios países e a constante elevação dos preços dos alimentos, os árabes simplesmente foram às ruas pedir uma vida melhor. Tudo começou no dia 17 de dezembro, quando o vendedor de rua tunisiano Mohamed Bouazizi ateou fogo em si mesmo depois que a polícia confiscou as frutas e vegetais que vendia nas ruas de Túnis. A autoimolação de Bouazizi não teve, ao menos diretamente, nenhum estofo ideológico. Foi apenas um grito desesperado contra as dificuldades de se ter uma vida digna.
Bouazizi tornou-se um mártir e símbolo do sofrimento dos milhões de dsempregados tunisianos. Rapidamente a revolta ganhou corpo, facilitada pelas novas tecnologias, reverberando pelas emissoras de tevê e angariando cada vez mais apoio entre outros grupos, como sindicatos e intelectuais. Da Tunísia, os gritos de liberdade se alastram com uma rapidez impressionante pelos outros países da região. Hoje, são famílias inteiras, com crianças a tiracolo, empunhando bandeiras e gritando slogans por melhores condições de trabalho e direitos sociais básicos. Foi assim no Egito e está sendo assim na Líbia. Movimento semelhante no último século só foi visto nas ex-repúblicas soviéticas na década de 1990. “As sociedades árabes estavam a ponto de explodir há anos. Que a faísca tenha saltado na Tunísia e o fogo tenha se espalhado pelo Egito foi uma coisa do acaso”, afirma Paul Salem, diretor do Centro Carnegie para o Oriente Médio, com sede em Beirute.
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APOIO
Contrários ao ataque a civis, militares se
unem à população contra Kadafi
As dificuldades econômicas, as injustiças sociais e a concentração de riqueza não são os únicos fatores para justificar um movimento tão sincronizado no mundo árabe. Ao contrário de outras regiões do mundo controladas por déspotas e vivendo na iniquidade extrema, o norte da África e o Oriente Médio atingiram um grau de desenvolvimento relativo após o início maciço da exploração do petróleo, a partir da segunda metade do século XX. Os bilhões de dólares que permitiram que Kadafi, por exemplo, tenha participação acionária em empresas como a Fiat e o jornal inglês “Financial Times” também foram usados para construir uma infra-estrutura aceitável, produzir uma classe média intelectualizada e uma pequena burguesia nascida do comércio e dos serviços com as potências ocidentais que dependem diretamente das reservas naturais desses países. Assim, por mais injusta que seja a distribuição de renda, não há miséria generalizada, como em algumas regiões da África Sub-saariana, onde ditadores sanguinários como Robert Mugabe, no Zimbábue, continuam a governar seus países como se esses fossem suas propriedades particulares. Ainda é incerto se o movimento pode se espalhar para outras regiões do mundo com regimes semelhantes, como a China, a Coreia do Norte ou Cuba. Mas o certo é que os governantes desses países estão atentos a qualquer indício de revolta.
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A epidemia da liberdade - Parte 2

Como um saudável vírus, protestos contra ditaduras espalham-se pelo mundo árabe, causando transformações em uma região marcada pela repressão, a pobreza e a brutalidade

Claudio Dantas Sequeira e Luiza Villaméa

 O mais notável nas revoluções árabes é que elas são movimentos genuinamente populares. Em nenhum dos países assolados até agora pela onda libertária surgiu uma oposição coordenada, uma liderança clara. “Liberdade, trabalho e dignidade nacional são as palavras de ordem nos protestos. Isso mostra que não se trata apenas de uma questão de democracia, mas de justiça social”, afirmou à ISTOÉ o economista tunisiano Saïd Kechida. “Na América Latina também há pobreza e alguns países têm democracias frágeis, mas você não vê revolta porque as pessoas não têm medo de expressar suas ideias sob o risco de serem presas ou mortas”, concorda o analista iraniano Meir Javedanfar. Enquanto a população anseia por uma vida melhor, os déspotas já vinham ensaiando uma sucessão geracional. No Egito, Hosni Mubarak se preparava para passar o poder ao filho Gamal, enquanto na Líbia os filhos de Kadafi travavam uma disputa para suceder o pai. Marrocos e Síria, que fizeram essa transição em 1999 e 2000, respectivamente, parecem ter agora mais margem de manobra para reagir às pressões populares. Mas não estão livres de pressões. Porém, isso não significa muita coisa. “Nenhum país árabe está ao abrigo dos movimentos de protesto, com suas reivindicações. Na verdade, o povo se sente lesado diante de poderes absolutos e da falta de liberdades mínimas”, avalia Riad Wahwaji, do Instituto de Análises Militares do Oriente Médio e do Golfo (Inegma).

Mas a derrubada desses regimes ditatoriais por si só não resolve o problema. O vácuo deixado por líderes que estão há tanto tempo no poder não é fácil de ser preenchido, já que a oposição também está dispersa, isso quando ainda existe depois de décadas de repressão. É grande, aliás, a chance de que as elites associadas aos antigos ditadores permaneçam no controle do Estado, como é possível perceber nos processos de transição na Tunísia e no Egito. Para o analista egípcio, Amr Hamzawy, “a renúncia de ditadores como Mubarak e Ben Ali é apenas o ‘primeiro passo’ para o sucesso da revolução, que deve ser sucedido por uma reforma estrutural que pavimente o caminho para a democracia”. Uma coisa é certa: os árabes estão se acostumando com algo novo, e ainda terão que aprender a conviver com novas liberdades e lutar contra o veneno das religiões.

Certo também é que os interesses americanos e europeus em petróleo e gás permanecerão inalterados, dada a sua dependência, seja qual for o regime. Mas o grau de imprevisibilidade agora é altíssimo. Se as ditaduras atuais pecaram pela abertura dos mercados ao capital e pela corrupção, não é difícil imaginar que ideários nacionalistas ressurjam com força. Uma unidade regional, no entanto, dependerá do alcance da revolução e a ideia de um pan-arabismo idealizado pelo antecessor de Mubarak no Egito, Gamal Nasser, não parece fazer a cabeça da nova geração. “Acho que será mais uma questão de encontrar um caminho pragmático e equilibrado para lidar com os interesses nacionais ao patrocinar os interesses-chaves do mundo árabe”, avalia o tunisiano Saïd Kechida. Daí a preocupação no governo de Israel, que teme o isolamento com a eventual vitória de forças políticas muçulmanas em futuras eleições. Tel-Aviv tinha no governo de Hosni Mubarak seu grande aliado na região. “A revolução no Egito destrói a tranquilidade estratégica de Israel no Oriente Médio”, afirma Itamar Eichner. No sentido inverso, o Irã de Ahmadinejad poderá se beneficiar dessa nova conjuntura. “Os ex-amigos dos Estados Unidos e de Israel podem virar amigos do Irã, a menos que o espírito revolucionário ponha em xeque a república islâmica”, diz o analista iraniano Meir Javedanfar.

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RECUO
Após violenta repressão, governo
do Barhein liberta presos políticos

Até agora as grandes potências ocidentais estão acompanhando de longe os acontecimentos na região. Por mais que os ditadores tentem fazer crer que os levantes foram orquestrados por forças externas, são poucos os indícios de uma ação direta das agências de inteligência dos Estados Unidos ou de países europeus no fomento às revoltas. Na verdade, a explosão popular no norte da África e no Oriente Médio parece ter pego de surpresa o mundo ocidental. Só na sexta-feira 25, Estados Unidos e União Europeia deram sinais de que pretendiam abandonar a retórica e partir para ações concretas na tentativa de minimizar o banho de sangue que vem manchando as ruas das principais cidades líbias. Com boa parte dos seus cidadãos já evacuados do caos que toma conta do país, Estados Unidos e Inglaterra começaram a considerar a possibilidade de criar uma zona de exclusão aérea na Líbia para impedir novos ataques com aviões militares contra cidadãos desarmados e tentar conter a entrada de milhares de mercenários de países vizinhos contratados por Kadafi.

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FUGA
Milhares de estrangeiros tentam desesperadamente deixar a Líbia

Assim como a condescendência ocidental com os abusos de ditadores como Kadafi foi longa demais, a demora por ações concretas contra o massacre do povo líbio parece também ter sido demasiada. Na tarde da sexta-feira a Líbia já se encontrava praticamente em estado de sangrenta guerra civil. Sem controle de uma vasta porção oriental do país e perdendo espaço no oeste de Trípoli, Kadafi parecia não mostrar nenhum tipo de limite para manter o controle de sua capital. Com mercenários trazidos dos vizinhos Chad, Sudão e Níger, instalou um regime de terror em Trípoli. Quem saísse às ruas era morto pelos milicianos leais ao ditador. Na sexta-feira, logo após as orações, manifestantes tentaram reunir-se na entrada das principais mesquitas da cidade, mas foram brutalmente atacados. O mesmo aconteceu nos dias anteriores em cidades próximas à capital, quando novos ataques aéreos foram registrados. Enquanto isso, parte das Forças Armadas se juntou ao povo e começava a armar populares para tentar tomar a capital no fim de semana. Poucos duvidam que Kadafi sucumbirá, mas dificilmente isso ocorrerá sem a morte de milhares de pessoas. Assim como o ditador se transformou num símbolo da opressão dos líderes árabes a seu povo, o banho de sangue que marcará sua queda será também um símbolo da reticência da comunidade internacional em agir contra déspotas que não se importam em perpetrar crimes contra a humanidade para manter a todo custo o poder.

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Colaboraram: Bruna Cavalcanti e Rafael Teixeira
http://www.istoe.com.br/reportagens/


A EDUCAÇÃO AMBIENTAL E A QUESTÃO CONCEITUALNeste trabalho apresentamos uma sistematização a respeito da trajetória conceitual da Educação Ambiental procurando demonstrar os vários sentidos atribuídos no decorrer do debate, explicitando suas relações com as mentalidades e o pensamento numa perspectiva histórica.


Introdução

 

O ser humano, historicamente, em função de sua sobrevivência precisou transferir matéria e energia do ambiente natural para a sua vida diária. Entretanto, o acelerado processo de sua ação devastadora em relação a estes hábitos, vem suscitando questionamentos uma vez que coloca em risco o futuro do planeta e de sua própria espécie. A esse respeito, vale registrar o alerta da Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente da ONU (1992):

Muitos dos atuais esforços para manter o progresso humano, para atender as necessidades humanas, e para realizar as ambições humanas são simplesmente insustentáveis - tanto nas nações ricas como nas pobres. Elas retiram demais, e a um ritmo acelerado demais, de uma conta de recursos ambientais já a descoberto, e no futuro não poderão esperar outra coisa que não a insolvência dessa conta.
As discussões por ocasião dos quinhentos anos de Brasil, remetem ao debate de que entre os ganhos há também conseqüências, provenientes deste processo. Uma delas é o modelo de desenvolvimento econômico baseado na monocultura agrícola com a exploração até o esgotamento dos recursos naturais.
Entretanto um longo caminho foi percorrido até chegar a essa mudança de mentalidade, ou seja, a gênese da preocupação ecológica conforme aponta Thomas Keith - pensador inglês, professor da Universidade de Oxford, em seu livro O mundo natural: mudanças de atitude em relação às plantas e aos animais, (1988) como discutiremos mais adiante.
Em função desse problema identificado como crise ambiental decorre a inserção da Educação Ambiental percebida como uma das importantes estratégias na construção de uma nova mentalidade e um novo modelo de desenvolvimento com utilização sustentada dos recursos naturais, levando em conta no seu processo à concepção de crescimento com equidade social e equilíbrio ecológico.
É possível observar que a educação está sendo chamada a desempenhar papéis paradoxais, uma vez que ora é interpretada como agência portadora dos valores da classe dominante no sentido de ajustar o indivíduo à sociedade, por outro lado, deve também instrumentá-lo para criticar esta mesma sociedade.
Daí vê-se claramente que a ação educativa tende a operar concomitantemente em dois níveis: em nível individual, na medida em que orienta o uso  do meio e em nível societário, criando uma consciência crítica, capaz de lutar pela racionalização na utilização dos recursos naturais, do meio como um todo e, sobretudo, de apontar as distorções dos sistemas em relação ao ambiente.
 As preocupações com a Educação Ambiental para a maioria dos autores mencionados neste estudo datam da década de 1970. Desde então seu conceito tem evoluído sempre vinculado ao do Meio Ambiente. A esse respeito, uma das concepções adotadas, apresenta o entendimento de que, como a Educação Ambiental tem sido praticada a partir da compreensão que se tem do meio ambiente, esse processo pode acontecer de duas maneiras: através do conceito científico, cujo entendimento é universal explicitando o consenso acerca um determinado conhecimento para a comunidade científica ou por meio das representações sociais, ou seja, a forma como os conceitos científicos são percebidos e internalizados pelos indivíduos no seu cotidiano. (REIGOTA, 1994).
O autor após relacionar vários conceitos de Meio Ambiente, avalia a precariedade destes, uma vez que não apontam para um consenso, o que o leva a optar pelas representações sociais, embora chegue a definir o meio ambiente como:
O lugar determinado, onde os elementos naturais e sociais estão em relações dinâmicas e em interação. Estas relações implicam processos de criação cultural e tecnológica e processos históricos e sociais de transformação do meio natural e construído.             
                                                 (REIGOTA, 1994, p. 14).
Outro conceito de Meio Ambiente, ao nosso ver explicativo e abrangente é o do Guia do Meio Ambiente que afirma:
Os seres vivos, em geral, não subsistem sem uma série de condições e substâncias que proporcionam sua sobrevivência e seu desenvolvimento. Tudo que cerca o ser vivo, que o influencia e que é indispensável à sua sustentação constitui o meio ambiente. Estas condições incluem o solo, o clima, os recursos hídricos, o ar, os nutrientes e os outros organismos. Em 1975, na Conferência Internacional sobre Educação Ambiental em Tibilísi, Geórgia, o meio ambiente foi definido não só como meio físico e biológico, mas também como meio sócio-cultural e sua relação com os modelos de desenvolvimento adotados pelo homem.                  
                                                    (ROCHA, 1992, p. 84).
  
As relações entre Meio Ambiente e Educação Ambiental perduram até nos estudos mais atuais. Os antecedentes históricos da Educação Ambiental dão conta de que a chamada crise ambiental desencadeou o processo de ecologização na sociedade, ampliando um universo antes restrito aos apreciadores da natureza.
A idéia romântica que alimenta a possibilidade da existência de práticas voltadas ao que atualmente entendemos como Educação Ambiental nas sociedades pré-capitalistas, como a compreensão de que as pessoas mantinham uma relação mais harmoniosa com a natureza, é veemente combatida por THOMAS (1988), que apresenta questionamentos instigantes do tipo: Como foi vivida a natureza nos trezentos anos que inauguram a modernidade? Nessa reflexão, ele elabora os argumentos necessários que afastam a hipótese de uma relação harmoniosa entre ser humano e natureza precisamente no período anterior à Revolução Industrial. Para ele, a conscientização vem paradoxalmente com a destruição, aspecto central de seu trabalho que analisa como a humanidade passa do estágio da violência à natureza, pela simpatia e proteção, traduzidos no fragmento:
Há apenas poucos séculos atrás, a mera idéia de resistir à agricultura, ao invés de estimulá-la, pareceria ininteligível. Como teria progredido a civilização sem a limpeza das florestas, o cultivo do solo e a conversão da paisagem agreste em terra colonizada pelo homem? Os reis e grandes proprietários podiam reservar florestas e parques para caça e extração de madeira, mas na Inglaterra Tudor a preservação artificial de cumes incultos teria parecido tão absurda como a criação de santuários para pássaros e animais selvagens que não podiam ser comidos ou caçados. A tarefa do homem, nas palavras do Gênesis (I, 28), era “encher a terra e submetê-la": derrubar matas, lavrar o solo, eliminar predadores, matar insetos nocivos, arrancar fetos, drenar pântanos. A agricultura estava para a terra como o cozimento para a carne crua. Convertia natureza em cultura. Terra não cultivada significava homens incultos.
                                                   (THOMAS, 1988, p. 17)
Nesse debate, é importante ressaltar os estudos que demonstram uma postura mais adequada nas relações do ser humano com a natureza, possivelmente não da maioria urbanizada, mas das populações tradicionais: E quando os ingleses seicentistas mudaram-se para Massachusetts, parte de sua argumentação em defesa da ocupação dos territórios indígenas foi que aqueles que por si mesmos não submetiam e cultivavam a terra não tinham o direito de impedir que outros o fizessem (THOMAS, 1988, p. 17).
Outros estudos privilegiam investigações neste sentido quando buscam as prováveis razões – construídas principalmente nos relatos dos viajantes europeus por ocasião de suas incursões pela Amazônia - de se atribuir aos considerados nativos, primitivos, selvagens e atualmente classificados como Povos da Floresta, particularmente o caboclo amazônida o adjetivo de preguiçoso (GONDIM, 1994).
A idéia da sustentabilidade na concepção e prática das populações tradicionais pode ser compreendida se percebermos o tempo em que estes vêm se relacionando com a natureza e a forma como desenvolvem esta relação. Sem compreender qual é a lógica que opera no seu meio, corremos o risco de produzir interpretações estereotipadas, semelhantes àquelas presentes nos relatos fantásticos dos cronistas viajantes e também na literatura brasileira.
O homem e a mulher da Amazônia são apresentados de uma forma extremamente preconceituosa – pessoas acomodadas, preguiçosas, inconstantes, despreocupadas, desleixadas, etc, características ocasionadas, no dizer de LOUREIRO (1995) pelo determinismo climático e pelas teorias raciais; portanto nesta visão discriminada as populações tradicionais são consideradas incapazes de assimilar os padrões da modernidade.
E como a temática ambiental disputa um espaço no currículo escolar? Inicialmente, os sistemas de ensino incorporaram em seus programas, objetivos e conteúdos, relacionados ao Meio Ambiente considerando apenas os aspectos biológicos e geográficos, não levando em conta a contribuição das ciências sociais na perspectiva e compreensão do conceito de ecossistema (DIAS, 1993).
O termo Educação Ambiental ou environmental education, foi lançado em 1965, na Inglaterra, numa Conferência de Educação que aconteceu na Universidade de Keele, mas já existia a expressão "estudos ambientais" no vocabulário dos professores da Grã-Bretanha (BOTELHO, 1998).
Em 1968, em Leicester - Grã-Bretanha, foi recomendado a fundação da Sociedade para a Educação Ambiental. A Educação Ambiental foi definida como um programa de educação que deveria objetivar a formação de cidadãos sob cujos conhecimentos acerca do ambiente biofísico e problemas associados, pudessem alertá-los e habilitá-los a resolver.
Para DIAS (1994), a Educação Ambiental representa um processo no qual deveria ocorrer num desenvolvimento progressivo de um senso de preocupação com o Meio Ambiente baseado em um completo e sensível entendimento das relações do ser humano com o Meio Ambiente.
Na Conferência de Tbilisi, Geórgia, em 1977, a Educação Ambiental foi definida como uma dimensão dada ao conteúdo e à prática de educação orientada para a resolução dos problemas concretos do Meio Ambiente através de enfoques interdisciplinares e de uma participação ativa e responsável, de cada indivíduo e da coletividade, definição adotada pelo Brasil e a maioria dos países.
Neste contexto, é introduzido o caráter interdisciplinar como estratégia para se alcançar os objetivos da Educação Ambiental conforme a Recomendação nº 1, letra "b":
O resultado de uma reorientação e articulação de diversas disciplinas e experiências educativas que facilitam a percepção integrada do meio ambiente tornando possível uma ação mais racional e capaz de responder às necessidades sociais (DIAS, 1994).
Para o Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA, no Brasil, em seus documentos, a Educação Ambiental é um processo de formação e informação, orientado para o desenvolvimento da consciência crítica sob as questões ambientais e de atividades que levem a participação das comunidades na presença do equilíbrio ambiental (DIAS, 1994).
Em 1988 e 1989 no Programa Nossa Natureza, do Ministério do Meio Ambiente, a Educação Ambiental é apresentada como:
O conjunto de ações educativas voltadas para a compreensão da dinâmica dos ecossistemas, considerando os efeitos da relação do homem com o meio, a determinação social, a evolução histórica dessa relação.
                                                        (DIAS, 1994, p. 23)
Segundo AB'SABER (1996, p. 47), a Educação Ambiental é o conhecimento da estrutura, da composição e da funcionalidade da natureza, das interferências que o homem produziu sobre esta estrutura, esta composição e esta funcionalidade
Já o entendimento de GUIMARÃES (2000, p. 31) sobre a definição da Educação Ambiental é no sentido de que esta aponta para as transformações da sociedade em direção a novos paradigmas de justiça social e qualidade ambiental.
REIGOTA (1999), referenda o conceito adotado pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura - UNESCO, de 1975, divulgado na Carta de Belgrado, Iugoslávia, resultado do encontro nesta localidade, que antecipava a necessidade de se avançar mais, onde explicitava que:
... devem ser lançadas bases para um programa mundial de educação ambiental que possa tornar possível o desenvolvimento de novos conhecimentos e habilidades, valores e atitudes, visando a melhoria da qualidade ambiental  e, efetivamente, a  elevação da qualidade de vida para as gerações futuras.
                                                     (REIGOTA, 1994, 18).
 No Brasil, a Lei nº 9795/99, que dispõe sobre a Educação Ambiental e institui a Política Nacional de Educação Ambiental, estabelece o conceito de Educação Ambiental a partir dos processos por meio dos quais o indivíduo e a coletividade constroem valores sociais, conhecimentos, habilidades, atitudes e competências voltadas para a conservação do meio ambiente, bem de uso comum do povo, essencial a sadia qualidade de vida e sua sustentabilidade (BRASIL, Diário Oficial da União, 28 de abril de 1999).
Embora existam vários conceitos de Educação Ambiental, percebemos que há mais pontos comuns que divergentes, considerando todos aqueles que tomamos conhecimento tanto em nosso cotidiano na escola, como no exercício da pesquisa que ora se realiza.
Há autores que, como PEDRINI (1999) avaliam que a Educação Ambiental não tem clareza conceitual uma vez que não dispõe de objetivos, métodos de ação e avaliação mais definidos, questões observadas nas várias práticas ambientais consideradas equivocadas ou ainda em função da utilização de livros didáticos com orientações inconsistentes, onde o ser humano é visto como elemento separado da natureza, numa visão ingênua que não leva em conta os aspectos políticos, culturais e econômicos, outros afirmam que os conceitos referentes à Educação Ambiental apresentam uma cisão epistemológica: a científica, atendo-se a uma abordagem naturalista, e a cultural, limitando-se a uma abordagem individualista (PENTEADO, 1997, p. 27)
O documento elaborado pela Secretaria de Estado da Educação do Estado de Rondônia – SEDUC, Proposta de Educação Ambiental para o Sistema Público de Rondônia (1995), apresenta uma previsão de atividades a serem desenvolvidas na gestão do governo Raupp relativas a Educação Ambiental, assinalando que:
A Educação Ambiental se concebe como um processo permanente onde indivíduos tomam consciência de seu meio e adquirem os conhecimentos, os valores, as competências, a experiência e também a capacidade de fazê-los atuar, individual e coletivamente para resolver os problemas atuais e futuros do meio ambiente.
 
Ao nosso ver, a Educação Ambiental enquanto conhecimento sistematizado encontra-se em franco processo de construção de suas bases teóricas e conceituais uma vez que reflete o que acumulamos e aprendemos de forma muitas vezes não-linear e contraditória. Essas aprendizagens que avaliamos como insuficientes, evidenciam a necessidade de avançarmos cada vez mais no sentido de aproximar nossas reflexões a práticas e atitudes mais consistentes e efetivamente emancipadoras, bem como aos desejos de mudanças que alimentam nossa capacidade de responder aos desafios postos.
É importante levar em conta também aspectos processuais, que os tempos de aprendizagem de temáticas como essa não operam com a tradicional lógica sustentada nos eixos repetição e memorização, a mobilização da compreensão aliada à pedagogia do exemplo pode apontar possíveis rumos neste percurso. A Educação Ambiental - do ponto de vista histórico, vem sendo pensada e vivenciada há pouco tempo, sendo assim, entendemos e identificamos este quadro como Educação Ambiental: conceito em construção, que se viabiliza no âmbito da caminhada das lutas protagonizadas pelos movimentos sociais, problematizando a parte que lhe cabe: a produção de uma práxis educativa ambiental radicalmente transformadora.
 
Referências Bibliográficas
 
AB'SÁBER, A. N. Amazônia: do discurso à práxis.  São Paulo: EDUSP, 1996.
 
BOTELHO, José Maria Leite.  A educação ambiental na formação do professor para o ensino fundamental em Porto Velho - RO. (Dissertação de Mestrado), UFRJ, 1998.
 
GRÜN, Mauro. Ética e educação Ambiental: a conexão necessária.  Campinas-SP: Papirus, 1996.
 
____________ Educação Ambiental: no consenso um embate? Campinas-SP: Papirus, 2000.
 
GUIMARÃES, Mauro . A Dimensão Ambiental na Educação. Campinas, São Paulo:  Papirus, 1995 - Coleção Magistério: Formação e trabalho pedagógico.
 
KEITH, Thomas. O homem e o mundo natural. São Paulo: Companhia das letras, 1988.

 
PEDRINNI, Alexandre de Gusmão (org.). Educação Ambiental: reflexões e práticas contemporâneas. Petrópolis: Vozes, 1997.

 
PENTEADO, Heloísa Dupas.  Meio Ambiente e Formação de Professores. São Paulo: Cortez, 1994.
 
REIGOTA, Marcos. O que é Educação Ambiental. São Paulo: Brasiliense, 1998.
________________ . A Floresta e a Escola: por uma educação ambiental       
pós-moderna. São Paulo: Cortez,1999.
 
ROCHA, Antonio J.A. Guia do Meio Ambiente: coletânea de temas. Brasília: Tablóide, 1992.
 
SEVERINO, Antônio Joaquim.  Metodologia do Trabalho Cientifico.  São Paulo: Cortez, 2000.
 
BRASIL-MMA/MEC. Conferência Nacional de Educação Ambiental: Carta de Brasília, Distrito Federal: 1997.
 
BRASIL, MEC. A implantação da educação ambiental no Brasil. Brasília-DF: 1998.
 
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[1] Mestra em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente. Psicopedagoga e Professora da Universidade Federal de Rondônia – Campus de Ji-Paraná em Rondônia – Brasil. shiva@enter-net.com.br



RESULTADO OFICIAL DO ENEM 2011