http://precisoaprenderlinguasestrangeiras.blogspot.com.br/

domingo, 28 de agosto de 2011

O que é a camada pré-sal?

                        O que é a camada pré-sal?



        O pré-sal é uma camada de petróleo localizada em grandes profundidades, sob as águas oceânicas, abaixo de uma espessa camada de sal. No final de 2007, foi encontrada uma extensa reserva de petróleo e gás natural nessa camada, em uma faixa que se estende por 800km entre o Espírito Santo e Santa Catarina. Ainda não existem números concretos sobre quanto óleo realmente existe na região, mas a ministra Dilma Roussef chegou a afirmar que, com a exploração do pré-sal, o Brasil poderia se tornar exportador de petróleo. Já René Rodrigues, professor da Faculdade de Geologia da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), não é tão otimista, mas admite que há um grande potencial de exploração. "Só há estimativas, mas acredito que, pelo que já se sabe, as reservas brasileiras de petróleo devem ao menos duplicar", afirma. Com tanta empolgação, o governo Lula elabora novas regras para a exploração do petróleo no pré-sal.

        O professor René Rodrigues explica que o petróleo do pré-sal só foi encontrado agora porque os esforços estavam concentrados em explorar a camada pós-sal, menos profunda e portanto mais acessível e barata. Porém, mesmo o petróleo acumulado acima da espessa camada de sal também tem origem no pré-sal. "O petróleo pode se formar no pré-sal e ficar preso. Em alguns casos, o sal escorrega e abre passagem para o óleo, que se acumula nas rochas do pós-sal. É o que acontece na Bacia de Campos (RJ), por exemplo", explica. Quando esse petróleo encontrado no pós-sal começou a escassear é que se iniciaram as prospecções na camada pré-sal. Apesar da origem comum, o petróleo que continua confinado e é extraído diretamente do pré-sal tem vantagens em relação ao encontrado a pequenas profundidades. No pós-sal, o óleo pode ser atacado por bactérias, que podem estragá-lo. Essas bactérias consomem a parte leve do petróleo, mais nobre e a partir da qual se extraem a gasolina e o diesel. "No pré-sal, como a profundidade é maior, o óleo fica a uma temperatura acima de 80ºC, o que o esteriliza e preserva sua qualidade", conta René Rodrigues. O especialista ainda explica que, apesar de custar pelo menos o dobro do preço para construir poços que perfurem a grandes profundidades, o óleo retirado dessa camada tem um valor maior no mercado.


                     O tesouro no fundo do mar

 
     A compra de novas ações da Petrobras oferece potencial de ganhos aos investidores. O sucesso dependerá da superação dos riscos na exploração em águas ultraprofundas

Marcelo Sakate

        Para levantar o capital necessário à exploração da camada do pré-sal, a Petrobras abre nesta semana aquela que promete ser a maior oferta de ações de uma empresa na história. Deverá arrecadar estimados 127,4 bilhões de reais, ou cerca de 74 bilhões de dólares, mais que o triplo da maior venda de ações feita neste ano, do Agricultural Bank of China, que captou 22,1 bilhões de dólares. O governo já se articulou para ficar com a maior parte dos mais de 4 bilhões de ações que serão negociados, ampliando assim a participação do estado na maior empresa do país. Pequenos e médios investidores também poderão comprar ações e terão a chance de auferir boa rentabilidade caso se confirme o potencial das jazidas em águas ultraprofundas. Mas os inves-tidores interessados em adquirir os papéis da companhia devem tratar o negócio como uma aplicação de longo prazo, sujeita a volatilidade intensa, sobretudo diante das dificuldades de extrair petróleo a profundezas que atingem 7 000 metros abaixo da linha-d’água. O recente desastre com a plataforma da British Petroleum no Golfo do México dá a dimensão dos riscos envolvidos na exploração dessa nova fronteira. O vazamento de petróleo no poço da BP, que durou três meses, fez com que as ações da empresa britânica perdessem metade de seu valor.

       Há dez anos, o governo permitiu que trabalhadores aplicassem parte de seu saldo no Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) em ações da Petrobras, por meio de fundos de investimento. Foi um ótimo negócio. Quem tivesse investido 10 000 reais teria hoje ampliado seu patrimônio para 100 000 reais. Pela correção do FGTS, o saldo só teria chegado a 16 600 reais, um rendimento que perdeu até para a inflação. Desta vez, porém, apenas aqueles cotistas que entraram nesses fundos em 2000 e mantiveram os recursos poderão usar novamente o FGTS (veja o quadro). Agora não haverá descontos, e o potencial de ganho futuro é mais incerto. “O investidor deve levar em conta dois fatores: quando vai precisar do dinheiro e quão importante é a liquidez do FGTS para ele”, explica William Eid Júnior, coordenador do Centro de Estudos em Finanças da Fundação Getulio Vargas (FGV). Uma pessoa que deseje comprar um imóvel daqui a seis meses com recursos do FGTS não deve reinvestir na Petrobras, até porque haverá uma carência de doze meses para que ela possa sacar o dinheiro.  Além desses cotistas do FGTS, terão preferência para participar da oferta os investidores que já possuem atualmente ações da Petrobras. A União, que detém hoje um terço do capital total da empresa, pretende gastar até 75 bilhões de reais, o equivalente a 60% do que será posto à venda. Estima-se que, finda a transação, o governo federal terá em seu poder quase metade do capital da empresa.

     O plano do governo é que a estatal seja a operadora exclusiva em blocos exploratórios já licitados e em áreas classificadas como estratégicas. Os recursos virão, em grande medida, da capitalização. Entre 2010 e 2014, a estatal prevê investir 224 bilhões de dólares, montante que supera em 50%, por exemplo, o que será gasto no período pela americana ExxonMobil, a maior empresa de petróleo do mundo.

       Se for bem-sucedida, a oferta de ações da Petrobras será concluída no dia 29 de setembro. Só após essa data os aplicadores deverão saber ao certo o número de ações a que terão direito. Saber se a aposta será um investimento rentável levará mais tempo — e dependerá da competência em explorar jazidas numa profundidade inédita.

 


                                              








      Como o pré-sal contribui para a     sustentabilidade?
 

    “O investimento em energia renovável é necessário, mas por enquanto não podemos esquecer o petróleo, que é responsável por cerca de 87% da matriz energética mundial e continuará nessa posição por um bom tempo”. Foi com essa afirmação que o presidente da Petrobras, José Sergio Gabrielli de Azevedo, iniciou o debate sobre pré-sal e sustentabilidade que aconteceu, ontem, na Conferência Internacional do Instituto Ethos, estreando as atividades do evento.

     Segundo Gabrielli, o pré-sal é uma boa alternativa para suprir a demanda mundial por petróleo e, ainda, pode auxiliar no desenvolvimento sustentável da sociedade. Isso porque o governo brasileiro instituiu um novo marco regulatório para a extração de pré-sal, que prevê que parte dos lucros obtidos com a atividade serão destinados ao Fundo Social, uma poupança pública de longo prazo, que será usada para medidas de desenvolvimento social no país.

     A porcentagem dos lucros que serão destinadas para o tal Fundo ainda não foi definida, mas de acordo com Gabrielli o montante será suficiente para melhorar a qualidade da educação no país e, a longo prazo, fomentar as pesquisas científicas, sobretudo no setor de energia renovável, o que contribuiria para o crescimento da matriz energética renovável do mundo e, consequentemente, para o fim do monopólio do petróleo no panorama energético global.

     Relembrando o acidente ambiental que aconteceu no Golfo do México em abril (saiba mais em A responsabilidade no Golfo do México), a questão do risco ambiental da exploração de pré-sal foi um dos pontos levantados pelos jornalistas que compunham a mesa de debate do evento. Segundo Gabrielli, esse risco ainda existe, mas é cada vez menor. Ainda assim, o presidente da Petrobras afirma que a questão é prioridade na agenda de preocupações da companhia, que realiza medidas de segurança e prevenção de acidentes nas áreas onde há extração de petróleo e está desenvolvendo tecnologias para reduzir os impactos ambientais de possíveis incidentes.

Mônica Nunes/Débora Spitzcovsky