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segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Decano de Pós-Graduação e Pesquisa, Jaime Santana

Mariana Costa/UnB Agência
 
Pesquisa na UnB ganha força com apoio de fundações
Decano de Pós-Graduação e Pesquisa, Jaime Santana, aponta a aproximação com a FAP-DF e a Finatec como uma das maiores conquistas deste primeiro ano de gestão 
Barbara Arato - Da Secretaria de Comunicação da UnB


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Abertura ao diálogo e transparência. Essa foi a receita do professor Jaime Santana para enfrentar o primeiro ano de gestão à frente do decanato de Pesquisa e Pós-Graduação (DPP) da Universidade de Brasília. Celeridade e critérios objetivos na apreciação de projetos de todas as áreas do conhecimento garantiram que a pauta da Câmara de Pesquisa e Pós-Graduação (CPP) não registrasse atrasos.
No último ano, o DPP ainda ganhou uma aliada de peso. Graças a um esforço conjunto do decanato, da comunidade científica e de parlamentares do Distrito Federal, a Fundação de Apoio à Pesquisa do DF (FAP-DF) voltou a ganhar a confiança dos pesquisadores. Editais em dia e a recente aprovação de um aumento de 2% no orçamento destinado à fundação são o vislumbre de dias melhores.
A necessidade de aproximar universidade e indústria, de aumentar a oferta de bolsas de iniciação científica e diminuir a burocracia para a aquisição de materiais para pesquisa também foram alguns dos desafios citados pelo decano para os próximos anos. Confira a entrevista concedida à Secretaria de Comunicação da UnB.
Quais as principais conquistas da pesquisa e da pós-graduação da UnB nesse primeiro ano de gestão?
Jaime Santana  Estabelecemos um diálogo muito produtivo com pesquisadores de todas as áreas do conhecimento. O DPP está de portas abertas para todos e isso refletiu até na Câmara de Pesquisa e Pós-Graduação (CPP). Temos uma agenda em dia, nada está atrasado. Tivemos tempo, inclusive, para discutir outros assuntos, como a participação dos pesquisadores da UnB em editais como os dos Institutos Nacionais de Ciência e Tecnologia (INCTs) [rede coordenada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação que envolve 101 centros de pesquisa brasileiros]. Numa próxima reunião da CPP vai ser discutido o novo estatuto da Fundação de Apoio à Pesquisa do Distrito Federal, a FAP-DF. Outro ponto importante foi o estabelecimento de um diálogo institucional para estabelecer os marcos legais do relacionamento da FUB [Fundação Universidade de Brasília] com a Finatec. Negociamos com a Procuradoria Jurídica (PJU), com participação da comunidade científica, e o Conselho Universitário aprovou esses parâmetros legais. Agora estamos empenhados em melhorar os marcos legais de ciência, tecnologia e inovação, discussão no Congresso Nacional. Quero destacar também o UnB.Futuro, um fórum para pensar a universidade do futuro, que deve se inserir no mundo moderno. 
Essa proximidade com as fundações é um dos objetivos da gestão?
Jaime Santana  Sim, prometemos isso na campanha e estamos cumprindo. Vale ressaltar que é uma proximidade totalmente transparente. Nenhum projeto vai para a Finatec sem passar pelos órgãos colegiados e pela PJU. Outra prioridade foi a FAP-DF. A primeira coisa que fizemos foi convencer a comunidade científica de que a FAP-DF poderia se recuperar, porque ela estava absolutamente sem crédito. Fazia editais e não cumpria, os projetos eram aprovados e não saía o dinheiro. Fizemos a FAP-DF voltar a funcionar – o conselho superior já foi indicado pelo governador e tem representantes da UnB. Tivemos um aumento substancial no dinheiro destinado à comunidade científica do DF, foram quase R$ 10 milhões. E, claro, a Universidade de Brasília se beneficia, já que é detentora de praticamente 80% desses recursos, por concentrar grande parte dos pesquisadores da região. Também conseguimos solucionar um outro problema: a FAP-DF não tem servidores para analisar os projetos. Fizemos um mutirão com professores da UnB, da Universidade Católica de Brasília e da Embrapa para julgar e, em dois dias, analisamos 140 processos. Outro objetivo era voltar ao percentual de 2% do orçamento do DF destinado à FAP-DF. Um conjunto de professores, a maioria da UnB, criou uma associação, a APEG-DF [Associação de Pesquisadores, Empresários e Gestores em Ciência, Tecnologia e Inovação do Distrito Federal], e por meio dela, tivemos contato com a própria FAP-DF, com os deputados distritais Wasny de Roure e Israel Pinheiro, pessoas que ajudaram muito e entenderam nosso propósito, além do governador do DF. Apesar desse aumento não ter saído como queríamos, será gradual, foi um grande ganho. Esse dinheiro vai ajudar muito na qualidade da produção científica e terá um impacto grande para a pós-graduação por causa do financiamento continuado, que é imprescindível.
Mariana Costa/UnB Agência
 
Como o senhor avalia os recursos que a própria UnB destina à pesquisa e à pós-graduação?
Jaime Santana  Nós temos uma dívida na universidade de R$ 100 milhões. Todos os setores sofreram cortes. Mesmo assim fizemos editais e mantivemos o número de bolsas de iniciação científica – estamos trabalhando para que a FAP-DF também ofereça essa modalidade de bolsa. Tivemos dificuldades para lançar mais editais no DPP este ano por causa dos órgãos de controle, que proibiram o depósito em conta ao pesquisador para pagar viagens, comprar pequenos equipamentos. Procuramos uma alternativa e, já no próximo ano, estamos trabalhando para os editais saírem mais cedo, como os editais de publicação, um dos mais importantes que temos. Este ano, nenhum projeto que tenha vencido edital de publicação ficou sem recurso. Apesar desse corte sofrido pelos decanatos, o dinheiro para a pesquisa na UnB aumentou substancialmente, muito em parte por causa da FAP-DF. Nosso esforço para fazer a FAP-DF funcionar é também para que o pesquisador não fique na dependência do DPP. O orçamento do decanato ficou em torno de R$ 1,8 milhões, mas os pesquisadores receberam muito mais. Os recursos do DPP são para emergências: se um equipamento quebra, não podemos deixar que isso impeça a pesquisa. Também não podemos deixar de ajudar a área de Humanidades, cujo produto mais importante é a publicação, tanto de livros quanto de artigos em periódicos. Vale frisar que só o edital equipamentos para jovens professores teve mais de R$ 1 milhão. Acrescento os editais CT-infra e Pró-equipamentos da Capes, que trarão R$ 12,5 milhões para a UnB. É importante dizer que todo o processo é institucionalizado. Também quero registrar meu agradecimento aos membros da CPP. Trabalhamos muito, nos reunimos a cada quinze dias, às vezes toda semana, para poder limpar a pauta.
Em 2013, a UnB ficou em 21º lugar na América Latina no QS University Rankings e em 8º no Ranking Universitário da Folha.  Como o senhor vê esse desempenho e como a universidade pode melhorar sua posição?
Jaime Santana  Rankings são parâmetros exteriores, cada um tem uma metodologia. Mas o que posso dizer é que onde temos uma pós-graduação de qualidade, teremos uma graduação de qualidade. Essa é uma relação direta. Nunca vi um curso de pós-graduação de alta qualidade em um programa de graduação de péssima qualidade. Uma pós-graduação bem avaliada ajuda demais porque os professores estão inseridos no ambiente da pesquisa, são desafiados a estudarem mais, a procurarem dinheiro para seus projetos, os alunos estão mais engajados em estágios. Trabalhar para melhorar a pós-graduação é melhorar a universidade como um todo.
Mariana Costa/UnB Agência
 
Quais as principais metas para os próximos anos?
Jaime Santana  Lançar editais mais cedo, aumentar os editais da FAP-DF e incluir bolsas de iniciação científica, mestrado e doutorado. Também queremos contemplar a área de Humanidades, que ainda está em segundo plano no quesito financiamento. Queremos ainda aumentar o diálogo com a Capes, trazer os representantes das áreas para conversar com os programas de pós-graduação. Vamos trabalhar na criação do novo estatuto da FAP-DF e realizar reuniões com toda a comunidade para angariar sugestões para estabelecer os novos marcos legais da Ciência e Tecnologia no país. Também queremos novos marcos legais para a universidade se relacionar com a indústria, porque a academia precisa transferir conhecimento. Outra coisa que gostaríamos de fazer é mudar a lei 8.666/93 [lei de licitações]. Ela não serve para a ciência. Às vezes, demora até seis meses para conseguirmos comprar material. E a pesquisa não pode esperar. Claro que precisamos de um processo transparente, com justificativas técnicas para comprar um equipamento mais caro porque serve melhor para aquela pesquisa. Mas, muitas vezes, acabamos comprando produtos ruins porque são mais baratos. Também estamos trabalhando muito com a Assessoria de Assuntos Internacionais para facilitar o intercâmbio. As atividades produzidas na universidade precisam ganhar o mundo, precisamos mandar um número maior de pesquisadores e professores para o exterior, assim como receber colegas estrangeiros. 
O programa Ciência sem fronteiras, do governo federal, também impulsionou esse processo?
Jaime Santana  É um bom programa, mas não é suficiente. Precisamos enviar ao exterior alunos de mestrado, doutorado. Esses estudantes que vão para o exterior pelo Ciência sem fronteiras vão fazer disciplinas, mas não fazem pesquisa propriamente, o que revela até uma certa contradição no nome do programa. Teremos um impacto positivo no futuro, na formação desse aluno. Além disso, é necessário ampliar o Ciência sem fronteiras para outras áreas, hoje ele está restrito às Exatas e Biológicas. Temos aqui na UnB empresas juniores das Relações Internacionais, da Administração, da Economia, entre outras. Inovação não é exclusividade das hard sciences.
Todos os textos e fotos podem ser utilizados e reproduzidos desde que a fonte seja citada. Textos: UnB Agência. Fotos: nome do fotógrafo/UnB Agência.