O futuro de alimentos
Prevenção de crises
O que está causando os preços dos alimentos a subir e que pode ser feito sobre isso?
Em todo o mundo, o sistema de alimentação está em crise. Preços subiram rapidamente, pois eles são agora mais elevados em termos reais do que em qualquer momento desde 1984. Eles podem subir ainda mais se a seca assola a colheita de trigo da China, como é temido. Alimento tem desempenhado algum papel (o quão grande é difícil de dizer) na levantes no Oriente Médio. Os preços altos são a adição de milhões ao número dos que vão para a cama com fome todas as noites. Esta é a segunda alta do preço em menos de quatro anos. As empresas estão a soar o alarme eo agrupamento G20 das maiores economias do mundo colocou a "segurança alimentar" topo de sua 2011 a lista de afazeres.
Esta atenção é bem-vinda. Mas pico de hoje é apenas parte de um conjunto mais amplo de preocupações. Como países-foco no alimento, eles precisam distinguir entre três classes de problemas: estruturais, temporário e irrelevante. Infelizmente, os políticos, até agora, deu atenção demais para o último destes e não o suficiente para o primeiro.
As principais razões para os preços elevados são temporários: a seca na Rússia e na Argentina; inundações no Canadá e Paquistão; proibições de exportação de países determinados a manter os seus próprios suprimentos, custe o que custar para os outros; compra de pânico por parte dos importadores spooked para repovoamento suas reservas de grãos. Influências externas agricultura piorar a situação: um dólar mais fraco torna mais barato repovoamento em moeda local; e petróleo mais caro eleva o custo dos insumos (leva grandes quantidades de energia para produzir fertilizantes de nitrogênio, por isso os preços dos fertilizantes acompanhar os preços do petróleo).
Algumas pessoas, erroneamente, a culpa ainda outro fator: a especulação. Verdade, o comércio aumentou financeira pode tornar os preços mais voláteis, embora a evidência é fraca. Mas negociação não pode dirigir os preços para cima, a longo prazo uma vez que para cada compra, há uma venda. Que não parou de Nicolas Sarkozy, o atual chefe do G20, de tentar persuadir clube premier do mundo econômico para reprimir os especuladores mal.
No momento em que grandes mudanças estruturais, tais como o crescimento de China e Índia, estão influenciando os preços menos do que se poderia pensar. Os dois gigantes asiáticos estão exigindo mais comida (e mais tipos de alimentos), mas até agora seus próprios agricultores têm muito satisfeitos que, para que eles não precisaram de muito para o comércio (embora que iria mudar drasticamente se a China foram de importar trigo este ano) .
Nas próximas décadas, no entanto, tais fatores fundamentais importa mais. Um bom palpite é que a produção de alimentos terá que aumentar em 70% até 2050 para manter o ritmo com o crescimento populacional, a explosão das megacidades dos países em desenvolvimento e as mudanças na dieta que a riqueza e urbanização trazer. Grandes aumentos serão mais difíceis de alcançar do que no passado porque há pouco terras retiradas de cultivo para pôr em produção, não há mais água e, em alguns lugares, pouco a ser ganho por heaping em mais fertilizante. As alterações climáticas podem também agravar estes problemas. Pela primeira vez desde os anos 1960 os rendimentos dos mais importantes do mundo culturas de trigo e arroz, estão crescendo mais lentamente do que a população global (ver relatório especial ). O mundo não pode alimentar hoje 7 bilhões de pessoas adequadamente. Como na terra ele pode alimentar o esperado 9 bilhões em 2050?
O ponto de partida pode soar paradoxal: preços elevados. Se 9 bilhões de pessoas devem ser alimentados em 2050, os países que produzem uma tonelada por hectare miserável terá de produzir dois; a grande quantidade de comida desperdiçada em países pobres "fazendas-um terço ou mais do total tem de ser salvo; e criadores de plantas terá para reverter o declínio a longo de crescimento da produtividade. Todas essas coisas requerem retornos mais elevados para os agricultores, que irá atrair maior investimento. Sem estes, não será apenas um bilhão de pessoas com fome (o equivalente a Índia), mas 2.000 milhões extras (dois Indias) em 2050. De alguma forma, retorna aos agricultores deve subir sem infligir sofrimento incalculável para os pobres.
Deixe-os comer de pesquisa
Isso pode ser feito. Orientando a ajuda aos mais pobres é parte da solução. Transferência condicional de renda de programas, como o Oportunidades do México e do Brasil Bolsa Família (no qual a mãe recebe um pequeno salário na condição de seus filhos freqüentem a escola e obter uma saúde check-up), pode funcionar bem: 70% dos pagamentos Bolsa continuar alimentos.
Como para impulsionar a produção agrícola, ele virá como nenhuma surpresa que este jornal acredita que uma grande parte da resposta é eliminar as barreiras comerciais e corte de subsídios. Redução barreiras tarifárias rodada países ricos seria aumentar as exportações dos agricultores pobres. Um acordo para limitar a proibição do comércio pode tornar exportadores pensar duas vezes antes perturbar os mercados mundiais. Os países devem sucata metas para os biocombustíveis que favorecem um negócio caro, prejudiciais ao meio ambiente que, desnecessariamente, distorce mercados de alimentos. Subsídio dos Estados Unidos o etanol é um criminoso particularmente flagrantes. Mesmo abrindo o varejo a estrangeiros pode ajudar: empresas como a Wal-Mart são bons em conseguir comida nas prateleiras dos supermercados ao invés de deixá-lo apodrecer nos campos.
Embora os governos podem ajudar muito por ficar fora do caminho no que tem sido um mercado lamentavelmente distorcida, em um aspecto que precisa fazer mais, revertendo o declínio nos gastos públicos em pesquisa agrícola. Ao contrário de outros subsídios agrícolas, a pesquisa básica funciona. A Revolução Verde começou com a investigação pública. Assim o fez sucessos recentes do Brasil agrícola. Países ocidentais não aprenderam a lição. Eles têm complacentemente cortar o trabalho feito em universidades e instituições internacionais. Foi um erro enorme. Pesquisa agrícola básica ajuda o mundo e todo é uma pechincha. Um bilhão de dólares daria muitos milhares de milhões de benefícios em termos de pessoas alimentadas e distúrbios alimentares antecipado.
Os países ricos devem, portanto, devidamente financiar o "CG sistema", uma rede de apoiada pelo governo institutos, a realização de pesquisas sobre o arroz, trigo, milho e pecuária. E os gigantes emergentes devem chip, também. China, Índia, Brasil e Rússia se queixam de que eles não recebem o respeito que merecem. Aqui está uma oportunidade para eles para ganhá-lo, ajudando subscrever um bem público global. Eles devem contribuir para o sistema CG (como o México, a seu crédito, está fazendo) e fazer suas pesquisas nacionais disponíveis mais amplamente. Poucas coisas importantes para a felicidade humana mais do que o rendimento de culturas básicas.
O papel dos Brics na economia mundial
Paulo Roberto de Almeida
In: Cebri-Icone-Embaixada Britânica Brasília:
Comércio e Negociações Internacionais para Jornalistas
1. O que foram e o que são os Brics?
No plano demográfico, se trata dos dois países mais
populosos do planeta e de dois outros de populações
consideráveis. A China representa, sozinha, mais de um quinto
da população mundial, seguida de perto pela Índia (17,5%) e,
bem mais longe, pelo Brasil(2,9%) e pela Rússia (2,2%). Mesmo
dispondo de grandes territórios – dos 17 milhões de km2
da Rússia, aos 3,2 da Índia, passando pelos 9,3 da China e
pelos 8,5 do Brasil –, os Bric diferem entre si, no que se refere
a recursos naturais, graus de industrialização e capacidade
de impacto na economia mundial. É importante registrar essas
diferenças, pois que a força de um conceito unificador pode
fazer com que similitudes indevidas sejam traçadas quanto ao
papel dos quatro países na economia mundial, daí redundando
conclusões arriscadas quanto à sua presença na evolução
futura dessa economia. Talvez se devesse, para corresponder
ao peso efetivo de cada um, inverter a ordem normalmente
admitida por essa sigla atraente: Cirb.
Comecemos, pois, pela China. Trata-se da mais antiga
civilização contínua da história,não exatamente pela
linearidade política, mas sim pela continuidade cultural. Sua
história contemporânea é, no entanto, trágica, feita de
decadência econômica, instabilidade política,humilhação
militar e retrocessos sociais expressos em uma degradação
profunda do tecido social, quando as loucuras econômicas de
Mao Tsé-tung levaram o país a uma hecatombe humana,
criando uma “lacuna” demográfica de dezenas de milhões de
pessoas.
A Índia é a segunda civilização “contínua” mais antiga do
mundo, valendo as aspas pela diversidade de culturas e
etnias. Não há propriamente unidade cultural e sua história
“política” só parece fazer sentido com base na “unidade”
temporária introduzida por invasões estrangeiras, em especial
o Império mongol, seguido pela dominação de uma companhia
de comércio inglesa, depois convertida em supremacia
britânica sobre povos muito distintos entre si. A Índia moderna
é uma “invenção” do Império britânico.
A Rússia também é antiga, dotada de tradições culturais
que a identificam como unidade cultural desde a Idade Média,
quando deslocamentos de bárbaros deram origem a
uma nação eslava em processo de homogeneização, a caminho
de uma formação nacional,que passou a existir quando Pedro,
o Grande, submeteu as autoridades feudais e consolidou
seu poder sobre um território indefinido, sob a forma de um
Estado incipiente, baseado no conceito de absolutismo
imperial. Esse Estado se estendeu ao longo dos séculos XVIII a
XX,até atingir o máximo de sua extensão e poderio já sob o
domínio dos “czares” soviéticos. O“império soviético”
representou um paradoxo na trajetória da “grande” Rússia,
posto que lhe deu a segurança nacional a que sempre aspirou
aquele Estado, ao mesmo tempo em que criou um sistema
econômico irracional, o que determinou sua crise estrutural e
derrocada estrondosa.
O Brasil, finalmente, é uma típica criação colonial, com a
lenta constituição de uma economia bem sucedida, no quadro
de uma construção estatal mais precoce. O Brasil teve um
Estado unificado antes de ter uma economia integrada. O
Estado foi o elemento indutor da construção de uma economia
industrial, bastante moderna para os padrões dos países
“periféricos”. Trata-se de um país “contente” com sua
geografia e tranqüilo quanto ao relacionamento regional. Esse
contexto de “paz regional” – pelo menos desde o final da
Guerra do Paraguai – e de ausência de reais ameaças externas
definem o Brasil em sua singularidade geopolítica e deve ser
considerado com um “ativo” positivo no seu processo de
inserção regional e internacional.
A trajetória dos Bric nos últimos dois séculos foi desigual,
para não dizer divergente.
Suas relações recíprocas ao longo do último meio século
foram, aliás, marginais, com exceção, talvez, da URSS e da
China, na fase da construção do socialismo neste último país.
A interação dos Bric com a economia mundial seguiu uma
trajetória errática, com alguma convergência nas últimas duas
décadas, processo complementado por maior interação
recíproca.
Os Bric, tomados individualmente, retrocederam em sua
participação nos fluxos mundiais de capitais, comércio,
investimentos e tecnologia nos dois séculos que levam da
primeira revolução industrial à oitava década do século XX,
retomando, a partir daí, uma interação mais intensa com a
economia global. Esse retrocesso ocorreu por decisões
próprias
– revoluções socialistas na Rússia e na China, adoção do
planejamento estatal na Índia –, ou de forma involuntária, em
virtude de crises, seguidas de introversão estatizante, como no
caso brasileiro (a crise de 1929 e a depressão dos anos 1930
como fatores de estímulo à industrialização nacional).
No período de construção de uma nova ordem econômica
internacional, no segundo pós-guerra, tanto a URSS como a
China, se auto-excluíram das instituições típicas do sistema
mundial capitalista – FMI, BIRD, GATT – enquanto o Brasil e a
Índia aderiam de modo relutante, e marginal, a essas entidades
“capitalistas”. O Brasil foi ativo nesses órgãos da
interdependência capitalista, mais como “cliente” do que
como responsável por processos decisórios que, até há pouco,
passaram ao largo de sua capacidade de atuação. Mais do que
qualquer outro Bric, ele preservou estruturas de mercado e um
estilo capitalista de gestão econômica em sintonia com o
padrão formal de organização econômica do capitalismo. O
outro Bric capitalista do período da Guerra Fria, a Índia, foi
muito mais estatizante,burocratizado e atrasado do que o
Brasil e seu recente impulso modernizador se deveu bem
mais à diáspora econômica nos EUA do que a transformações
internas à própria Índia.
A China foi um desastre econômico, não só pela sua
decadência na época da guerra civil e da invasão japonesa,
mas também pelos planos da era maoísta (Grande Salto Para a
Frente e Revolução Cultural). Basta dizer que, possuindo um
produto nacional bruto equivalente, grosso modo, a quase um
terço do PIB mundial até o final do século XVIII, ela
regrediu a menos de 5% do PIB global nos anos 1960,
recuperando parte do que tinha perdido só nos 2000. Quanto à
Rússia, ademais de diminuída depois da implosão da URSS,
suas estatísticas da era socialista são pouco confiáveis para o
estabelecimento de uma série relevante de seu desempenho ao
longo do século XX, quando ela sofreu imensos desastres
materiais e humanos. A CIA superestimou a produção
industrial e a capacidade tecnológica dessa enorme “aldeia
Potemkim”, que viveu uma mentira institucionalizada ao longo
de sete décadas.
A “reincorporação” dos Bric ao mainstream da economia
mundial, a partir da oitava década do século XX, foi
diferenciada. O Brasil, a rigor, nunca dele se afastou, mas
exibia,até meados dos anos 1980, quase 95% de
nacionalização na oferta interna, por força de um
protecionismo renitente. A Índia levou mais longe o
capitalismo de Estado, o que, junto com
um planejamento extensivo, foi responsável por décadas de
crescimento reduzido e de baixa modernização.
Foi a China, na verdade, quem deu a partida para a
“grande transformação” na divisão mundial do trabalho, ao
iniciar, com as reformas da era Deng Xiao-Ping, uma rápida
reconfiguração na geografia mundial dos investimentos
diretos. A Rússia operou uma reconversão a um capitalismo
mafioso nos anos 1990, passando a contar mais como
fornecedor de matérias-primas energéticas do que como
participante ativo da economia mundial.
O Brasil passou a ser um grande provedor de commodities
alimentícias e minerais, a Índia consolidou sua presença nas
tecnologias de informação, ao passo que a China industrial
assumiu a liderança nos produtos de consumo de massa, com
dominância dos bens eletrônicos. Todos se beneficiaram de
vantagens ricardianas, com ênfase em mão-de-obra no
caso chinês, tecnologia no modelo indiano e recursos naturais
para o Brasil e a Rússia.
E para onde caminham os Bric, nas próximas décadas?
Certamente não em direção ao mesmo destino, ainda que o
traço comum de suas trajetórias seja uma crescente adesão,
incontornável, à economia mundial. O estudo da Goldman
Sachs aposta que esse G4 ultrapassará, conjuntamente, o PIB
do atual G7 em 2035, sendo que a China ultrapassará a
todos, individualmente, até 2040. Os componentes dessa
ultrapassagem são muito diversos,com uma provável
“explosão” tecnológica da China, uma continuidade “extrativa”
no caso da Rússia, uma enorme competitividade agrícola para
o Brasil e de serviços de internet e de tecnologia da
informação para a Índia, o que já ocorre atualmente. Ainda que
a “massa atômica” conjunta dos Bric possa superar o peso do
atual G7, eles permanecerão, em termos per capita, abaixo dos
indicadores atuais de bem estar e de produtividade dos países
avançados.
2. Como se apresentam suas relações com a economia
mundial?
Transformações econômicas são sempre o resultado de uma
combinação de fatores,alguns estruturais, outros derivados de
decisões políticas. A Rússia e a China afundaram no caos
destruidor de suas economias socialistas pela força
carismática de líderes eficientes na organização partidária mas
ineptos na capacidade de apreender o modo de funcionamento
de uma moderna economia de mercado. No primeiro caso, a
transição ao capitalismo continuou errática, mas a China
conheceu uma combinação de autoritarismo político e de firme
condução para um regime de mercado, vindo a constituir um
exemplo único na história mundial de crescimento sustentado,
com transformações estruturais de enorme impacto social.
No caso do Brasil e da Índia, as transformações foram
menos o resultado de processos dirigidos de “retorno aos
mercados”, ou de “revoluções pelo alto”, e bem mais a ação
das“forças profundas” de regimes semi-capitalistas finalmente
liberados em suas energias criadoras pela abertura econômica
e a liberalização comercial. O problema básico do Brasil
era o de romper com a retro-alimentação inflacionária e o
estrangulamento cambial, processo conduzido a termo mesmo
em meio a turbulências financeiras que ameaçaram o êxito do
ajuste entre a segunda metade dos anos 1990 e o início dos
2000.
No caso da Índia, se tratava de romper com o dinossauro
estatal da economia planejada e do protecionismo exacerbado,
o que foi feito de modo tardio, mas facilitado pela existência de
uma “diáspora” econômica de alta qualidade nas principais
economias desenvolvidas, diáspora que também existe,
embora com outras características, na experiência histórica
chinesa.
A rigor, a China parece reproduzir, com maior velocidade
adaptativa e uma imensa ambição de recuperar rapidamente as
décadas perdidas de socialismo doentio, a experiência
japonesa da Revolução Meiji – mandar seus filhos aprender
com os líderes científicos e tecnológicos do capitalismo
avançado – e, sobretudo, o milagre japonês do pós-Segunda
Guerra, com muita cópia e adaptação do know-how ocidental e
um cuidado extremo em fabricar os mesmos produtos com
novos desenhos e marcas próprias. De todos os Bric, é a
única economia emergente que parece destinada a
converter-se, efetivamente, em economia dominante, ademais
de potência tecnológica e militar, muito embora ela ainda
esteja muito longe de igualar, para os seus cidadãos – muitos
deles ainda súditos de um regime autoritário
–, os níveis de bem-estar individual das populações dos países
do capitalismo avançado.
A Rússia, amputada de territórios, recursos naturais e
humanos em dimensões importantes, não parece próxima de
recuperar a relevância estratégica e política alcançada no
ponto máximo de sua “expansão” geopolítica do final dos anos
1970. Ainda que detentora de formidável arsenal nuclear e de
certa capacidade de projeção militar, ela não terá condições
de desafiar efetivamente os dois gigantes da economia
mundial de meados do presente século.
Ela depende de recursos finitos e mesmo sua demografia é
declinante.
No que se refere à Índia, ela pode dominar com competência
os serviços eletrônicos que ela já oferece de maneira
competitiva, mas terá de absorver na economia de mercado
centenas de milhões de camponeses que ainda vegetam numa
economia ancestral.
O Brasil tem pela frente, durante uma geração
aproximadamente, a chance de beneficiar-se do
chamado “bônus demográfico” – ou seja, a melhor relação
possível entre população ativa e dependentes econômicos –,
oportunidade que será provavelmente perdida, em grande
medida devido à baixa qualificação técnica e educacional da
população, o que reduz bastante os ganhos de produtividade.
Essas deficiências não devem impedir os Bric de se
tornarem relevantes: eles o serão pelo grande peso
demográfico e enquanto mercados de consumo em expansão –
com exceção
da Rússia –, mas não é provável que alcancem o nível de
excelência tecnológica já logrado por quase todos os países do
bloco avançado do capitalismo mundial. A exceção, mais uma
vez, deve ser a China, que reproduzirá o desempenho
tecnológico de Taiwan e da Coréia do
Sul com rapidez surpreendente.
No plano da liberalização dos movimentos de capitais e da
abertura comercial, as políticas dos Bric são também muito
diversas, embora tendentes à adoção de um padrão mais
propício à sua integração internacional, o que contrasta com
as formas historicamente restritivas que todos eles exibiam até
menos de uma geração atrás. As rupturas mais
importantes ocorreram, obviamente, com os dois gigantes
socialistas, uma vez que o Brasil e a Índia se situavam nos
limites de um capitalismo marcado pela presença avassaladora
do Estado. Estes dois últimos foram membros fundadores do
GATT e estiveram presentes, desde cedo, nas instituições de
Bretton Woods, sem necessariamente acatar de bom grado
suas prescrições de política econômica.
A China e a Rússia ingressaram no FMI e no BIRD tão
pronto superaram suas restrições ideológicas às duas
entidades-símbolo do mundo capitalista, mas o processo foi
mais complicado na esfera comercial. A China levou 14 anos
para ser admitida no GATT,fazendo-o apenas às vésperas do
início da Rodada Doha (2001), mantendo ainda várias
práticas não conformes ao padrão normal de relacionamento
comercial. A Rússia, a despeito de politicamente admitida no
G7 desde os anos 1990 e de ter sido reconhecida como
“economia de mercado” desde o G7 de Kananaskis (2002), não
conseguiu cumprir os requisitos para ingressar no sistema
multilateral de comércio, nem parece perto de ingressar
na OCDE. O recente retorno a uma política externa
“musculosa” pode deixá-la ainda mais longe dessas
organizações.
Brasil e Índia mantiveram, durante várias décadas, o padrão
típico da política desenvolvimentista preconizada por
economistas keynesianos como Raul Prebisch ou Gunnar
Myrdal, com muitas restrições cambiais, protecionismo
comercial e medidas discriminatórias contra o capital
estrangeiro, políticas que começaram a ser mudadas no final
dos anos 1980 e início dos 1990. Eles ainda mantêm uma
política comercial defensiva na área industrial, mas,
graças à sua qualificação em TICs, a Índia tem operado
abertura no setor de serviços, ao passo que o Brasil se mostra
mais ofensivo no combate às políticas subvencionistas na área
agrícola(o que deveria incluir, além dos protecionistas
conhecidos, também os aliados do Brasil no G20: China e
Índia).
As políticas cambial, comercial e do capital estrangeiro
mantidas pelos Bric são tão variadas quanto suas formas de
inserção internacional, mas os resultados acabam se refletindo
nas transações correntes. O Brasil saiu de uma situação
bastante frágil, na segunda metade dos anos 1990 e início dos
2000 – o que o levou a buscar financiamento preventivo por
meio de três acordos com o FMI (1998, 2001 e 2002) –, para
uma posição de relativo conforto no plano externo, com
reservas internacionais superiores à dívida externa. Com seus
enormes saldos comerciais, a China caminha para novos
recordes de reservas em divisas e deve se manter como
exportadora dinâmica no futuro previsível. Os saldos da
Rússia são também crescentes ou confortáveis, mas sua
posição estrutural apresenta fragilidades, dada a
dependência do petróleo e do gás. Os déficits da Índia, por sua
vez, a despeito de crescentes,têm apresentado proporção
administrável para sua economia também em expansão.
3. Qual o seu impacto futuro na economia mundial?
A justificativa para a existência da sigla Bric, segundo seu
propositor original, é a dimensão do impacto dessas
economias na economia mundial e sua capacidade de moldar o
futuro de outros países em desenvolvimento. De fato, à
exceção do Brasil, os três outros Bric vêm ganhando peso e
importância no contexto global e setorial.
Teoricamente, os Bric representarão, em poucos anos, um
quinto da economia mundial, caminhando para ultrapassar o
G7 em duas décadas. Essa agregação de “volumes”
individuais pode fazer sentido nesse tipo de exercício
intelectual, no qual a aritmética parece predominar sobre a
política, mas é pouco provável que ela indique tendências de
desenvolvimento da economia mundial, cujos vetores são
dados por transformações tecnológicas, fluxos de capitais e
informação de tipo científico e estratégico, como aliás
sempre ocorreu na história do capitalismo.
De fato, pela sua importância demográfica, assim como pela
disseminação crescente da tecnologia e de investimentos
diretos, pode-se prever que a participação dos países em
desenvolvimento nas exportações mundiais de bens e serviços
e no PIB total tenderá a se expandir a partir dos valores atuais.
Trata-se de uma constatação elementar, que nada diz sobre os
demais aspectos, sobretudo institucionais e políticos, que
atuam de modo interativo com as forças estruturais que estão
moldando o sistema mundial. Ou seja, o impacto
econômico dos Bric é decisivo, mas ele sozinho nada diz sobre
os demais condicionantes de um complexo relacionamento
que não se resume à contabilidade de PIB e exportações, mas
tem a ver com fatores de interdependência recíproca, não dos
Bric entre si, mas entre eles,individualmente, e seus múltiplos
parceiros na economia mundial. Desse ponto de vista, os
Bric não possuem existência econômica de fato, sendo
puramente uma criação do “espírito econômico”.
A despeito de teses sobre o “descolamento” dos principais
emergentes do ciclo econômico dos países do G7 e dos
demais avançados, o fato é que o impacto das economias
dominantes sobre os Brics é mais decisivo do que admitido
normalmente. Não se trata, tão somente, de mercados de
consumo e de fontes de investimento direto. A economia
mundial não se apresenta apenas como um conjunto de
espaços de intercâmbio de bens e serviços, com
os quais cada unidade nacional pode ter maior ou menor
interação física. Ela é, no seu aspecto mais essencial,
basicamente um espaço para o intercâmbio de idéias, e nesse
sentido, a dominação intelectual do chamado Ocidente
desenvolvido deve continuar a se exercer durante
o futuro previsível.
Quando se observa o panorama geral da economia mundial,
uma conclusão parece inevitável: as mesmas forças que
transformaram o mundo desde o século XVI continuam a
moldar o mundo contemporâneo, não só pelos fluxos de bens
e serviços, mas também pelas formas de organização
econômica e, sobretudo, pela produção de idéias e conceitos
que sustentam os fluxos reais. Não se pode, portanto,
conceber uma suposta independência dos países em
desenvolvimento do núcleo central da economia mundial. Os
Bric e demais emergentes não têm um itinerário e um destino
econômico distintos do que é possível conceber para os pólos
avançados da economia mundial, que moldam os parâmetros
fundamentais pelos quais se organiza essa economia, num
processo dinâmico que não é dominado exclusivamente por
algum centro específico, mas que possui vários centros de
“produção” e de disseminação de idéias e de conhecimento
prático, através dos quais é tecida a teia da economia mundial.
O conceito “Bric”, em sua aparente novidade, é uma
trouvaille interessante que passou a ocupar a mente dos
jornalistas, excitando a imaginação de acadêmicos em busca
de alguma idéia nova.Esse conceito parece induzir espíritos
preocupados com a realidade da “velha”hegemonia,
alimentando, então, a idéia de uma “ruptura de sistema”, ou
seja, a substituição dessa antiga hegemonia. Historicamente,
são rarasas tentativas de alteração pacífica do equilíbrio do
poder mundial, na medida em que os beneficiários do status
quo tendem a resistir às demandas dos contestadores por
novos espaços no quadro da velha ordem. Caso as
expectativas não possam ser atendidas, os contestadores
podem se decidir pela mudança dessa ordem, se possível por
meios pacíficos, se necessário por métodos violentos.
Contidos, derrotados e radicalmente transformados os
contestadores fascistas do entreguerras,a geopolítica do poder
mundial passou a ser dominada, a partir de 1947, pelo
expansionismo soviético, sem contudo chegar-se ao
enfrentamento direto com a superpotência americana. Os
conflitos se deram por procuração, cada lado contabilizando
avanços e recuos nos teatros periféricos que passaram a
concentrar o essencial do “grande jogo”. Essa “terceira guerra
mundial” terminou sem que o hegemon conservador tivesse
logrado vitória; a derrota do lado economicamente mais débil
se deu, na verdade, por autoimplosão de um socialismo
esclerosado e incapaz de competir no plano da eficiência
produtiva. Depois da derrocada espetacular da URSS e do
momento “unipolar”, no qual os EUA emergiram como única
superpotência efetiva, o mundo parece caminhar para uma
nova fase de transição, na qual se assiste a um declínio dos
EUA e a ascensão (China), reafirmação(Rússia) ou emergência
de novos atores (Índia, Brasil, União Européia) que poderão
redistribuir as cartas nos novos cenários estratégicos.
Qualquer que seja a evolução futura da geopolítica mundial
no século XXI, é evidente que problemas desse tipo – ou seja,
nova Guerra Fria, ou uma Paz Fria – não têm nada a ver
com a condição de membro de algum grupo inventado na
prancheta de um economista, ainda que conflitos prováveis
possam surgir da condição de alguns candidatos a emergente
global.
A situação de “Bric” é acidental e fortuita, ao passo que a
condição de emergente econômico mundial foi adquirida ao
longo de um lento processo de qualificação produtiva e
tecnológica que deve converter-se em poder político e militar
na seqüência natural das coisas.
Dos quatro integrantes dos Brics, os ex-socialistas
apresentam características autoritárias, consolidando o legado
de séculos de Estados totalitários. Os outros dois apresentam
trajetórias democráticas, ainda que com deficiências de
funcionamento e de justiça social, mas também são as
economias de mercados que mais se aproximam do padrão
capitalista de organização.
O Brasil, de todos eles, é o que possui estruturas capitalistas
mais avançadas e ostenta a mais moderna dentre as três
sociedades. Dos quatro é a sociedade mais integrada – nos
planos lingüístico, cultural, étnico e, talvez, religioso – o que
permite, em princípio, melhores formas de administração
política, sem rupturas institucionais, e condições
mais favoráveis para sua modernização. O grau de
democratização social pode tornar mais lento o ritmo de
crescimento e os processos de adaptação aos novos
ambientes, mas isso contribui para maior coesão em torno de
objetivos nacionais.
As principais questões que dividem o mundo atual não são
mais de natureza ideológica, como ocorria menos de três
décadas atrás, quando projetos concorrentes se
mobilizavam para conquistar os corações e mentes dos
cidadãos. Elas nem são de ordem técnica, uma vez que parece
haver razoável consenso e colaboração entre cientistas e
pesquisadores de todo o mundo em torno das principais
fronteiras a desafiar o conhecimento humano nos campos da
medicina, da física, da biologia. Os principais dilemas se dão
em torno das prioridades políticas e das políticas econômicas
alternativas que se colocam, sob a forma de escolhas, aos
estadistas, na busca de soluções a velhos problemas que
afligem a humanidade:
fome,
desemprego,
saúde,
educação,
segurança e bem estar.
A experiência do passado – aliás, ainda recente – em torno
de algumas dessas escolhas e sobre as tentativas de impô-las
de modo autoritário a sociedades inteiras, não nos traz
ensinamentos muito otimistas sobre algumas das soluções
propostas por desafiantes radicais do status quo. Não é
preciso rememorar a história terrível da Alemanha nazista e do
Japão militarista para constatar que poderes emergentes
podem ser competidores apressados, aptos a contestar, pela
violência em alguns casos, o poder estabelecido de hegemons
mais antigos.
A lição, em todo caso, deve ter sido aprendida. Esperemos
que desta vez seja diferente...
BRICS agora com África do Sul
10:21
Prof:Cristina Ramos - geografia
Um
novo " tijolinho"( bric) foi acrescentado "a parede" formada pelos
emergentes mais importantes no mundo atual, após a terceira reunião do
grupo que aconteceu na China neste último mês de abril . A África do Sul
entra para fortalecer ainda mais esta muralha econômica que vem se
formando principalmente após os anos 2000 e que hoje já comporta 43% do
total mundial da população e soma 17% do total mundial em relação ao
Pib . A estimativa é de que no prazo de dez anos a soma dos Pibs desses
países chegue a 30%do total mundial . E esperar pra conferir ...
"A
cúpula do Brics, encerrada dias atrás em Sanya, na província chinesa de
Hainan, contou com a presença da recém-integrada África do Sul, além de
Brasil, Rússia, Índia e China, os outros países do bloco. Acredita-se
que a ascensão dessas cinco nações vá mudar a estrutura econômica,
política e diplomática do mundo.
A
crise financeira internacional deixou claro que o regime democrático e
de economia livre do mundo ocidental não são invencíveis. Apesar da
manutenção das vantagens aos países ocidentais, o tradicional "Consenso
de Washington" não pode evitar a crise econômica nem se consolidar como o
único modelo de desenvolvimento mundial.
A
primeira década do século 21 registrou o crescimento robusto da China.
Entre 2001 e 2010, a porcentagem do PIB da China no mundo saltou de 4,1%
para 8,8%, enquanto o peso dos Estados Unidos baixou de 32,1% para
23,5%, e o do Japão, de 12,5% para 8,2%...
A
população dos Brics ocupa 43% do total mundial. Já o PIB do bloco
saltou de 9% em 2001 para 17% em 2010 em relação ao valor global. As
estimativas são de que, daqui a dez anos, o PIB da China supere o dos
Estados Unidos. Somado aos outros quatro integrantes, o PIB do Brics vai
corresponder a mais de 30% do global, consolidando o bloco como a maior
economia do cenário mundial....os
integrantes do mecanismo têm vários pontos fracos em comum. Na
comparação com às nações ricas, a distribuição de renda nos cinco países
é bem desequilibrada, além da forte incidência de corrupção e injustiça
social. O crescimento da China, a segunda economia no mundo, depende
altamente do consumo da energia e de matérias-primas, com baixa
eficiência do uso energético.
No
terceiro encontro de líderes do Brics, os cinco países combinaram
aprofundar as cooperações no quadro do G20 para resolver questões nas
áreas de clima, recursos naturais, energia e alimentos. Os Brics,
acredita-se, vão desempenhar um papel singular na redução da flutuação
da economia mundial, redução da pobreza e da fome, na luta contra as
mudanças climáticas e na concretização da Meta do Milênio da ONU."